Saquear do cotidiano seus objetos, mas também os delicados desejos e os pequenos devaneios implicitamente a eles associados. É desse modo que Anna Paola Protasio vem construindo sua poética. Deslocados para o universo da arte, tais objetos colhidos do mundo, repetidos (como escadas e cones) ou solitários (como torres e cones de tricô), agigantados ou diminutos, pesados ou frágeis, formam, em geral, estruturas ou sólidos geométricos.
No MUBE estão reunidos, pela primeira vez, cerca de 32 trabalhos realizados ao longo cinco anos de sua recente trajetória artística. Arquiteta de formação, transparece em sua obra a herança construtiva da arte. No entanto, a artista introduz na abstração da geometria e em seu anseio de universalidade, elementos que vêm perturbar a rigidez matemática e a vontade de ordem da tradição construtiva. Como se, nas estruturas previsíveis e decididas do mundo, o estupor das horas banais com seus sonhos e dores, solidões e temores, viesse reclamar seu lugar e ocasião